quarta-feira, 31 de março de 2010

Nem tão novos - Carros que já saíram de linha, como o Classic reestilizado, chegam ao Brasil como novidades

Estilo, conteúdo e motor são pressupostos avaliados pelo consumidor na compra de um carro zero km. No mercado brasileiro, quarto maior do mundo, a cada ano o número de opções cresce vertiginosamente e as vendas sequer sinalizam possibilidade de queda - em 2009 foram comercializados cerca de 3,14 milhões de veículos. Ainda sim produzimos carros desatualizados, que saíram de linha em demais países.

É o caso do Chevrolet Classic, reestilizado pela primeira vez em 14 anos. E nem mudou muito: somente detalhes como faróis, grade, pára-choques e lanternas que vieram do Sail, antes produzido na China. No oriente, o sedã derivado do Corsa foi substituído por uma nova geração. O mesmo ocorreu com o multiuso Fiat Doblò, reestilizado com defasagem de quatro anos, tempo suficiente para a segunda geração ser apresentada na Europa com variados avanços.

O velho Chevrolet Sail chinês, aqui Classic reestilizado...
...e a nova geração do sedã compacto

Mal começo
Primeiro Hyundai nacional, o Tucson seguirá pelo mesmo caminho de atraso. Substituído pelo ix35 na Coréia do Sul, passará a ser produzido em Catalão (GO) como opção “mais barata” ao novo utilitário-esporito, que virá como importado. O preço, que hoje varia de R$ 68.900 e 80 mil, deverá ser mantido, o que, dentre outros fatores, não justifica a produção de um produto ultrapassado.


Custo de produção que foi a justificativa da Peugeot ao adotar estilo frontal e painel semelhantes ao do 207 europeu, maior e melhor equipado, no 206, com direito a troca de nome para o mesmo do hatch europeu. A imprensa pouco questionou o fato. Outros dois franceses, Citroën C4 hatch e Renault Mégane, também demoraram alguns anos para desembarcar e também vieram com estilo frontal atrasado. Isso sem falar da jurássica Kombi, cuja geração lançada aqui em 1997 havia deixado de ser fabricada na Alemanha na década de 1970.

Pague mais
Exceção, as japonesas Honda e Toyota sempre mantiveram seus carros atualizados em relação aos vendidos no primeiro mundo. Em contrapartida cobram mais caro que a concorrência.

Fora o estilo, atrativo para muitos, e a falta de concorrência (no caso do Doblò), outros fatores que estimulam tal defasagem são o preço e, por consequência, o bom número de vendas. No que depender do consumidor brasileiro, ainda utilizaremos ferramental produtivo descartado em outras partes do mundo por um bom tempo.

Civic brasileiro "custa" nove vezes mais que o dos EUA

Nove vezes mais. É o que "custa" um Honda Civix LXS automático fabricado no Brasil quando comparado ao modelo norte-americano. O levantamento feito pelo site Fast Driver aponta que, enquanto nos EUA o carro custa pouco mais de US$ 19 mil, em solo tupiniquim vale o equivalente a US$ 39 mil. O custo de produção brasileiro é menor, já que nossa mão de obra é mais barata, mas considerando o salário médio, gastamos 1.380 dias (ou quase quatro anos) para quita-lo. Nos EUA, o período cai para 155 dias.